13 março 2008

Brandos costumes... ou a revolução que não saiu da gaveta

Quem nos últimos dias alimentou a ilusão de ver entrar em campo uma equipa do Benfica transfigurada, passado o processo de redenção pós-Camacho, rapidamente se desenganou após alguns minutos de jogo.

Os adeptos de futebol em geral, e os do Benfica em particular, apoiados por uma comunicação social sensacionalista, adoram criar ilusões de que uma chicotada psicológica, associada à mística de contar com uma pessoa da casa a liderar o banco são mais do que suficientes para que as exibições passem de sofríveis a esplendorosas...

Apesar de apaixonado pelo Benfica, sinceramente não esperava nada disto. Para mim, era certo que não teríamos nenhuma revolução e também era certo que a eliminatória da UEFA estava praticamente perdida (sendo que nesta fase, não reconheço à equipa a capacidade de arrancar uma noite europeia daquelas, ao nível dos jogos em Leverkusen ou no antigo Highbury Park, em Londres...).

Por isto mesmo, o jogo de ontem não me surpreendeu. É certo que a atitude da equipa foi aceitável. Entrou em campo a querer assumir o jogo e a responsabilidade de marcar. Faltou no entanto arte e engenho, para além de alguma sorte.

Muitos jogadores estão esgotados, a equipa está condicionada por lesões e castigos e o esquema táctico continua a não funcionar, pelo que continuamos a não ter um modelo de jogo.

Resta-nos sofrer até ao final da época na tentativa de segurar a segunda posição da tabela (tarefa que não vai ser fácil)... Quanto ao outro objectivo, a taça de Portugal, parece-me muito complicado a este Benfica derrotar Sporting e FCP para conseguir levar o caneco... mas o futebol é cheio de surpresas, pelo que há que acreditar.

Agora revoluções, uma equipa a explanar bom futebol da noite para o dia, não me parece.

Uma equipa nasce do trabalho, planeamento e tempo... Temos aqui uma boa oportunidade de começar desde já a olhar para a próxima época, para então sim, sermos realmente competitivos. Para o conseguir, tenho a convicção de que há que encontrar um treinador profissional, que entenda (muito) de futebol e que tenha um perfil de liderança adequado, devidamente apoiado e "protegido" ao nível directivo. Infelizmente, por muito carinho que se possa ter por algumas pessoas, sentar um adepto no banco e dizer-lhe para liderar a equipa, não é suficiente...

Em relação à derrota de ontem, uma classificação de 5/10 parece-me justa pelo brio que os jogadores apesar de tudo demonstraram.

Saudações cativas.

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