29 agosto 2009

O plantel para ganhar - as contratações de Jesus

Agora que foi contratado o 10º reforço da temporada e estamos quase no final do prazo para as inscrições é uma boa altura para fazermos uma análise daquilo que será o plantel para atacar o título (espero que não estejam reservadas surpresas para o último dia). Regra geral penso temos melhor plantel do que o ano anterior e temos também boas possibilidades de fazer um melhor onze que o ano transacto. No entanto temos algumas coisas com as quais não posso concordar.

Eu sou defensor de uma estrutura de futebol em que existe um director desportivo (ou outro qualquer responsável, para este efeito é irrelevante) que define um plantel, ao treinado cumpre-lhe a tarefa de treinar esses jogadores e tirar deles o melhor rendimento, não gosto que os treinadores façam exigências e tragam os seus amiguinhos, acho que isso é mau para o balneário, embora compreenda que possa em um ou outro caso ocorrer. No caso do Jorge Jesus, não consigo aceitar a contratação do Júlio César e do César Peixoto, e dificilmente consigo entender a contratação do Weldon.

Vamos então por partes:
- para mim só se contratam jogadores para titulares ou muito próximo disso (que joguem com regularidade ou que tenho enorme potencial), pelo que, seguindo esta regra, para se contratar um Guarda-redes tínhamos de contratar alguém com capacidade de entrar de caras na equipa, a alternativa seria dispensar sempre o Moretto e ficar com um guarda-redes das escolas (os jogos que vi do juniores deixaram-me mais ou menos tranquilo com o Pedro Miranda);

- sendo um jogador um recurso humano de um clube, há que contratar aqueles que dêem garantias de qualidade a diversos níveis, em primeiro lugar desportivas, e em segundo lugar humanas. Segundo estes critérios o Cesar Peixoto nunca, na minha opinião, deveria vestir a camisola do Benfica, é um jogador mediano que só joga melhor em condições muito especiais (embora eu até nem discuta muito este critério) e principalmente porque não aceito que um jogador que se recusou a jogar pelo clube que lhe paga o ordenado seja um bom profissional, e se podemos estar sempre sujeitos a que isto aconteça com qualquer jogador, com este temos a certeza que vai acontecer se algum dia quiser sair, e só isto é motivo para ficar indignado com esta contratação, porque por um lado contratámos um mau profissional e por outro porque nos colocámos ao mesmo nível de comportamento que o do Sr. Salvador que tanto criticámos. Em relação a este ponto, gostaria ainda de saber melhor o que se passou com o Luisão antes do jogo com o Poltava... se calhar colocámo-nos a jeito.

- por fim, em relação ao Weldon, tenho de dizer que tem sido uma surpresa positiva nos primeiros jogos, já ganhou créditos suficientes junto dos sócios para uns meses. No entanto é certamente uma contratação que não entendo, com Cardozo/Kerrison para uma posição e com Saviola/Nuno Gomes para a outra já no plantel (nem estou a contar com o Mantorras ou com o Nelson Oliveira que poderia vir do juniores em caso de catástrofe) como é que um treinador justifica a contratação de um outro avançado? Por muito barato que seja (e já foi claramente pago com os golos que marcou) não entendo muito bem uma politica desportiva que aceita a contratação de um "menino do treinador" para deixar sem jogar o nosso capitão (um dos jogadores mais bem pagos do plantel). Eu entendo que o Nuno Gomes possa não ser o sonho de todos os treinadores, mas ele já lá está, é importante no balneário e na minha opinião tem de jogar, porque um jogador que não joga fica cada vez pior e quando precisarem dele não serve para nada porque não tem ritmo de jogo, para além disso um treinador que não consegue tirar proveito de um jogador com a experiência do Nuno para ser um bom suplente então mais vale pedir a reforma porque não tem capacidades suficientes para treinar uma equipa como o Benfica. Tendo em consideração as respectivas diferenças de nível acham que o Nuno Gomes é assim tão mais fraco que o resto do plantel, o que dizer então de jogadores como Raúl, Inzaghi, Paolo Maldini, Paul Scholes, Ryan Giggs, Luís Figo, etc. As equipas precisam de referências em campo e o Benfica com as constantes mudanças ainda mais. Para concluir, estou a gostar do Weldon e já que veio, que seja bem vindo e que tenha a força de nos ajudar a ganhar o campeonato, mas espero mesmo que isto não seja o principio de uma época penosa para o Nuno Gomes.

No próximo post falarei dos outros reforços.

Sempre a subir

Não, não é a qualidade exibicional da equipa encarnada, mas antes as dificuldades sentidas de jogo para jogo para levar de vencida os adversários...

Desde o jogo inaugural da época frente ao Marítimo, mais três partidas tiveram lugar: duas com o mesmo adversário, o Vorskla Poltava, a contar para a Liga Europa, e outra com o Vitória de Guimarães, para o campeonato nacional.

Depois de em encontro (demasiado) desgastante com os maritimistas, seguiu-se assim um adversário perfeito: frágil, lento, desinspirado. Os ucranianos saíram da Luz com 4 golos sem resposta, num resultado que não espelhou no entanto uma exibição do Benfica de "rolo compressor"... O Benfica também entrou lento, mais lento que o que nos vinha acostumando, e só fruto da inspiração de alguns dos seus melhores intérpretes, conseguiu construir um resultado dilatado.

Mas o pior estava para vir... deslocação a Guimarães, adversário e terreno sempre difíceis para qualquer equipa... desta vem sem direito a homenagem ao malogrado Miklos Feher.

A equipa encarnada voltou a entrar em campo apática e por pouco não foi surpreendida pelos vimaranenses nos primeiros minutos da partida... Só com um grande esforço e com uma atitude digna de louvor foi possível chegar à vitória praticamente no último minuto do desafio, isto após mais alguns sobressaltos defensivos e após mais uma grande penalidade desperdiçada por Cardozo.

Na última 5ª feira, subiu ao relvado para a 2ª mão da eliminatória com o Poltava uma equipa B (mas não muito) do emblema da águia... alguns estreantes na equipa, David Luiz de novo à esquerda (e pouco feliz) e um novo velho lateral direito que não havia deixado saudades, ele mesmo, Luís Filipe, um dos jogadores mais desastrados a envergar o equipamento encarnado.
Mesmo assim, esta equipa B tinha obrigação de fazer mais. O jogo terminou com uma derrota por 2-1 perante este modesto adversário. O mais preocupante, o facto de mais uma vez, a equipa não ter correspondido, quer em termos de qualidade, quer em termos de entrega ao jogo.

Pode-se dizer que o resultado era irrelevante, que a eliminatória estava ganha, que estavam demasiados suplentes em campo... mas a questão é: teria o FCP, nas mesmas circunstâncias, perdido este encontro?

Está claro que, se o Benfica quer ir mais além esta época, disputando o título nacional e restantes competições em que está envolvido, há ainda muitas coisas a melhorar. Para começar dois aspectos fundamentais:

1) Todos os jogos devem ser encarados como finais, em que apenas um resultado é admissível - a vitória! Para empolgar a equipa, os adeptos, os jogadores, e criar uma verdadeira dinâmica de vitória não pode haver tropeções como este.

2) O Benfica está melhor, joga um futebol mais bonito e eficaz, mas terá que reaprender outra forma de jogar a utilizar frente às equipas ditas pequenas. Um modelo de jogo que permita inventar espaços que não existem e que permita voltar a ver as combinações ofensivas que deslumbraram durante a pré-época.

A verdade é que, de jogo para jogo, se tem notado uma quebra da equipa, quer ao nível da pressão defensiva sobre os seus adversários, quer no capítulo das movimentações ofensivas e entendimento colectivo... Poderá ser um sinal de cansaço, mas a época é demasiado longa para a equipa começar a padecer deste mal... logo à segunda jornada.

Segunda-feira, espera-se que sejam visíveis os resultados do descanso concedido a algumas das pedras fundamentais da equipa.

Saudações cativas.

24 agosto 2009

Benfica 09/10: a época que promete...

... sofrimento.

Vou começar esta minha análise com uma declaração de interesses, não gosto do Jorge Jesus, não é o tipo de treinador que goste de ver à frente do Benfica e não ache que seja assim tão bom treinador, a comparação com Mourinho é completamente absurda, do meu ponto de vista.

Posto isto quero dizer que fiquei muito impressionado com a pré-época e que, como qualquer benfiquista achei que, de facto, as melhorias de atitude face ao ano anterior eram mais que muitas. Mas como quando não tenho uma boa imagem de alguém preciso de muito tempo até mudar de opinião, refreei os meus ânimos de vir para aqui dizer bem do Jesus e esperei pelos primeiro jogos oficiais. Infelizmente tinha razão e os desapontamentos começaram. A equipa joga muito melhor do que na época anterior mas não corresponde minimamente às expectativas criadas. Onde está a equipa que pressiona o portador da bola logo à saída da área? Onde está a equipa que joga ao primeiro/segundo toque e que se movimenta em bloco para dar linhas de passe ao portador da bola? Onde está o Losango com os laterais muito ofensivos e que criam desequilíbrios? A minha esperança é de que isto seja apenas o resultado do esforço físico do início e que daqui a uns jogos a forma física volte e tudo isto volte à forma inicial.

Depois destes 3 jogos oficiais vou então fazer os meus comentários mais em concreto sobre os jogos e sobre o plantel nos próximos posts.

17 agosto 2009

Cartão Azul

O título desta "crónica" esteve para ser "O respeitinho é muito bonito". Mas no final do jogo de ontem, depois do empate arrancado a ferros pelo reforço (que é reforço) Weldon, o sentimento que se destacou entre as hostes benfiquistas foi mesmo o de raiva contra o anti-jogo praticado pela formação madeirense.

Apesar de não ser bonito, não se pode recriminar um treinador de uma equipa como o Marítimo, que reconhece a superioridade do Benfica, e que por isso adopta uma táctica hiper-defensiva, apostando apenas na velocidade de 1 ou 2 homens para tentar chegar perto da baliza encarnada.

E como o "respeitinho é muito bonito", foi bonito ontem ver que, ao contrário da época passada, os madeirenses entraram em campo com "medo" do Benfica. Não pretenderam assumir o jogo, porque sabiam não ter argumentos para o fazer, nem sequer para o discutir de igual para igual em determinados períodos.

Em muitas ocasiões, nas últimas épocas, os adeptos do Benfica tiveram que assistir em pleno Estádio da Luz, a equipas atrevidas que pegavam no jogo e manietavam os encarnados (por vezes poderia mesmo haver dúvidas sobre quem estaria a jogar em casa, sobre qual seria afinal, em teoria, a equipa eterna candidata ao título nacional). Essa passividade encarnada desapareceu, e ontem, mesmo durante a primeira parte, na qual o Benfica teve mais dificuldades em jogar, as estatísticas não mentem... a única equipa que procurou o golo foi a encarnada, uma posse de bola esmagadora (cerca de 75%) e, apesar da exibição mais pálida, pelo menos duas oportunidades claras de golo (remate à barra de Aimar na sequência de um livre e remate cruzado da esquerda de Di Maria a obrigar a uma das inúmeras boas defesas do guardião maritimista).

Ontem não, o Marítimo não foi audaz, nem tinha que o ser... Limitou-se a cerrar fileiras e a defender com 11, em 40 metros de terreno. E nestas circunstâncias, caberá sempre ao Benfica conseguir desmontar este tipo de estratégia e encontrar espaço onde ele aparentemente não exista... especialmente agora que todos parecem respeitar o clube da águia!

O que já não é aceitável, são as práticas correntes de "queimar tempo". Os jogadores do Marítimo passaram minutos e minutos no chão: pseudo-lesões, cãibras, choques aparatosos, dores no ombro que nem sequer havia sido o atingido na sequência de uma pretensa falta dos encarnados, reposições da bola em jogo que tardavam sempre mais de meio minuto...

Um espectáculo lamentável, apenas visto nos campos portugueses. Protegido pelos árbitros e pela imprensa, que durante grande parte do jogo teve o descaramento de enaltecer a qualidade da equipa do Marítimo e até a sua experiência e matreirice na forma como encarou os lances... Talvez se trate de uma questão cultural, mas quando se fala de proteger o futebol espectáculo e a verdade desportiva, urge combater estas situações. Implacavelmente.

Várias opções se levantam para abordar este problema:

1) Manter tudo como está e apostar na capacidade do juiz da partida de avaliar quanto tempo útil se perde nestas situações... Claramente não resulta... raramente o tempo extra ultrapassa os 4 ou 5 minutos, claramente escasso para compensar o tempo perdido;

2) Revolucionar o jogo e adoptar como referência o tempo útil. A duração do encontro seria diminuída (25 minutos cada parte?) e o relógio deveria parar sempre que a bola não esteja em jogo. Esta solução teria implicações profundas em termos tácticos e em termos de cultura de jogo.

3) Os jogadores, com permissão do árbitro, são assistidos pelas respectivas equipas médicas e o jogo continua a decorrer normalmente. Esta opção tem um grande ponto contra, tendo em conta que poderá beneficiar o infractor (a equipa que comete a falta, acaba por estar temporariamente em vantagem numérica).

4) Implementar o "Cartão Azul". Há alguns anos atrás, no hóquei em patins, a um jogador que cometesse uma falta mais grave, era-lhe exibido o cartão azul, sendo excluído do jogo por um período de 2 minutos, ficando a equipa respectiva com menos um jogador em campo. Aqui o princípio seria distinto e poderia ter dupla aplicação... um jogador ao cometer uma falta passível de admoestação por cartão amarelo, seria forçado a sair de campo por um período de 5 minutos. Esta medida talvez reduzisse o ímpeto excessivo de alguns jogadores na sua abordagem aos lances. Pelo contrário, um jogador lesionado (ou que simule uma lesão), após interrupção do jogo seria de imediato retirado das 4 linhas e teria obrigatoriamente que permanecer fora do jogo durante 2 minutos. Nos casos em que um jogador esteja efectivamente lesionado, 2 minutos é o tempo óptimo para se conseguir refazer da dita lesão (por seu lado, o adversário que o lesionou, provavelmente também estará de fora, caso tenha sido admoestado com o cartão amarelo ou caso tenha sido menos correcto). Caso se tratasse de uma simulação em que as pseudo-lesões ocorrem ao mínimo toque, a saída obrigatória durante 2 minutos acabaria por prejudicar a própria equipa, que se veria em situação de inferioridade numérica. Esta dupla medida não teria qualquer impacto sobre o desenrolar normal do jogo e acabaria com muitos dos tempos mortos a que se assiste no futebol português, eliminando as práticas de anti-jogo gritante. A única situação de excepção seria a dos guarda-redes, muito mais facilmente controlável pelo árbitro do jogo, e por todos os que estejam a assistir à partida.

Declaro aberta a guerra ao anti-jogo!

Do jogo de ontem, ressalta ainda a força anímica da equipa do Benfica, que, pela primeira vez em situação (injusta) de desvantagem lutou e acreditou sempre, "massacrando" o adversário que só com muita sorte conseguiu sair da Luz com um empate.

Um início de época que, noutros anos e na língua de Cervantes, se poderia dizer, começa com "muita ilusão", como atesta a praticamente casa cheia ontem na Luz, com cerca de 55.000 pessoas vestidas de vermelho a empurrar as águias para a vitória. Uma primeira jornada em que os 3 grandes empataram. FCP e SCP tiveram a sorte do seu lado para chegarem ao empate nas respectivas partidas, o Benfica a "maldição" de não se conseguir desde já adiantar e, ao contrário dos adversários, com manifesta falta de sorte neste seu jogo de estreia.

Quinta-feira há Liga Europa (ou se se preferir, Taça UEFA) contra um adversário de nome impronunciável...

Força Benfica!

Saudações cativas.

12 agosto 2009

Novas Esperanças

Na semana em que termina a pré-época ou, se preferirem, em que começa esta nova época desportiva, é tempo de novas esperanças para os benfiquistas.



Um número recorde de jogos amigáveis e de "títulos" menores em vários torneios por essa Europa fora, mas acima de tudo, o prazer de ver algo que não se via há muito (o Benfica a praticar um futebol incisivo, alegre, bonito e não menos eficaz), levaram a equipa e o seu treinador a um "estado de graça"!



O maior risco, o deslumbramento, sem que nada se tenha ainda efectivamente ganho... Mas seja como for, é muito gratificante perceber que este ano, as outras equipas (incluindo FCP e SCP) têm um novo sentir sobre os encarnados: Temor! E é este "pânico" que importa espalhar ao longo da época, jogo após jogo, campo após campo!



Confesso que não era um admirador incondicional do novo treinador encarnado... e continuo a não ser. Por agora, no entanto, contra factos não há argumentos, apesar de alguns reforços de peso, a verdade é que a estrutura da equipa actual acaba por não ser muito diferente da da época passada.



A pequena grande diferença é que se joga muito mais e melhor... talvez não o anunciado dobro... mas resta saber se esta promessa de JJ se referia a jogar o dobro do que a equipa jogou a época passada contra o Nápoles (vai ser difícil) ou face à média sofrível que pautava o desenrolar de jogos, especialmente no final da temporada, em que o Benfica se arrastou penosamente até ao final do campeonato.



Em conclusão, está concedido o benefício da dúvida!... devidamente suportado pelas opções acertadas do novo técnico, pelas boas exibições e pelos bons resultados até agora alcançados!



Para este ano, fica a aposta pessoal na melhor equipa tipo:



Moreira, Maxi, Luisão, Sidnei, César Peixoto, Javi Garcia, Di Maria, Ramires, Aimar, Saviola, Cardozo.



Domingo "anda à roda", contra a sempre complicada equipa do Marítimo! Força Benfica!



Saudações cativas.



PS - Faz hoje 25 anos que Carlos Lopes conquistou a medalha de ouro da maratona, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984... e eu lembro-me de estar a assistir!... Como passa rápido!