03 outubro 2009

O sabor amargo da derrota

E depois de 6 jogos vitoriosos, o Benfica redescobriu o sabor amargo da derrota.

Foi no jogo a contar para a Liga Europa, em Atenas, frente ao AEK.

Para alguns dos mais cépticos, nos quais me incluo, será mais um sinal que não há "passeios no parque" e que os resultados recentemente alcançados (veja-se os 5-0 no fim de semana passado perante a equipa sensação da época passada, o Leixões) não são ainda prova de solidez e consistência da equipa. A verdade é que a equipa encarnada, apesar de ter novas ideias e de as conseguir colocar em campo, estará ainda longe de uma dinâmica imperturbável de uma equipa que só sabe ganhar.

Outro equívoco deste início de época (da imprensa, de alguns adeptos, mas fundamentalmente do técnico Jorge Jesus) parece ser desde já o do jogador que "não sabe jogar mal".
Contratado ao Sp. Braga, após acesa polémica, César Peixoto não só já provou que "sabe jogar mal", com também tem demonstrado de modo sistemático exibições bastante fracas.

Admitindo que se trata de um jogador com alguma técnica, está à vista a falta de rapidez (imperdoável para um lateral) e por vezes, uma sensação de que está alheado do jogo, falhando passes fáceis, entregando a bola ao adversário e descompensando o sector defensivo encarnado... pobres David Luiz e Luisão que se vêem depois a braços com a carga de artilharia rival, só porque a mesma não foi evitada em tempo útil, quando seria tão mais fácil.

No jogo em Atenas, rubricou mais uma exibição pálida... desta vez parecida com a da equipa do Benfica. Pode-se dizer que foi antes uma exibição descolorida, dado que ainda assim, os encarnados conseguiram criar uma mão cheia de oportunidades apenas salvas pela magnífica exibição do guardião do AEK. E já se sabe, quando uma bola entra, tudo muda: os níveis de ansiedade diminuem, a confiança e a clarividência aumentam. Infelizmente para o Benfica, desta feita, tal não sucedeu.

O maior pecado do Benfica neste jogo foi precisamente o não saber dar a volta por cima, e o seu maior desafio será o de aprender a viver com um resultado negativo, sem que o mesmo afecte o seu desempenho exibicional, possibilitando as reviravoltas.

É claro que qualquer Benfiquista ferve por dentro ao acompanhar o jogo comentado pelos inqualificados comentadores da SIC. Parecia um cenário de horror...
As expressões "este Benfica não é aquele a que estamos habituados" e "O Benfica está a passar completamente ao lado do jogo" ouviram-se para cima de uma dezena de vezes. Curiosamente, qualquer remate ou ocasião de golo dos encarnados era comentada com tal desinteresse que no final, quando vemos o resumo até nos interrogamos... tantos remates do Benfica?
Não, este não foi o pior jogo do Benfica do século, e seria óptimo que o registo dos jornalistas e comentadores fosse diferente... que os mesmos adoptassem uma postura mais séria.

Outro dado curioso no jogo foi o comportamento de Jorge Jesus... Quem o viu esbracejar furiosamente junto à linha lateral espicaçando os seus jogadores no jogo com o Vitória de Setúbal, quando o resultado já estava em 6 ou 7 a zero, estranhará a aparente passividade que assumiu nos últimos 15 minutos do jogo em Atenas, em que se limitou a ser um mero espectador.

Os adeptos fervorosos de JJ poderão dizer que é uma questão de estratégia: o jogo com o AEK não era de vida ou de morte e por isso Jesus deixou a equipa afundar-se para os jogadores entenderem que não os espera um mar de facilidades. Para além disso, terá mais um argumento de motivação para o jogo da próxima 2ª feira, frente ao Paços de Ferreira... quando entrar em campo uma equipa desfalcada de alguns jogadores de maior influência (Maxi, Aimar e Di Maria, ao serviço das respectivas selecções), os jogadores do Benfica saberão que não podem fazer dois resultados negativos seguidos... e transcender-se-ão para chegar à vitória.

E para Jesus, uma vitória frente ao Paços valerá mais do que uma frente ao AEK, pelo menos nesta fase da época.

Se esta "teoria da conspiração" estiver na cabeça de Jorge Jesus, então só um adjectivo assenta ao treinador encarnado: brilhante! Se não, descobrimos que afinal é um homem que às vezes também se cansa de gritar para dentro das quatro linhas.

Saudações cativas.

Um comentário:

teste disse...

Só para dar os parabéns ao Pedro porque acertou no post nº100 aqui do blog.