24 setembro 2009

Vida difícil nos 100 dias de Jesus

Já passaram 100 dias desde que Jesus chegou à Luz.

Desde esse primeiro dia reiterou muita confiança, atitude e a promessa de que os jogadores do Benfica esta época jogariam pelo menos o dobro do que no passado recente.

Após 100 dias aos comandos da máquina encarnada, já será possível fazer um primeiro balanço face às expectativas.

Se é verdade que há que dar créditos (também) ao técnico pelo facto da equipa do Benfica ser agora muito mais equipa, pelo arranque da temporada em termos de resultados se encontrar ao melhor nível das últimas épocas (apenas uma derrota em 8 jogos disputados, num encontro que já não contava, na Ucrânia) e pelos sucessivos recordes de público a seguir o onze encarnado, também há que dizer que a vida não tem sido fácil.

Entre resultados e exibições tranquilas e de grande qualidade (a última das quais frente ao Bate Borisov na semana passada), têm surgido também outras menos conseguidas e algumas vitórias arrancadas a ferros - veja-se o caso do jogo com o Vitória de Guimarães e o da última jornada, frente ao União de Leiria.

Nesta partida, por uma infelicidade do grande central que é David Luiz, complicou-se o que parecia fácil. Teve que vir ao de cima a garra e determinação, sobrepondo-se à qualidade de jogo, pondo à prova a serenidade dos adeptos.

Uma coisa é certa, o respeito e a admiração pública pelo trabalho desenvolvido pela equipa e respectivos responsáveis técnicos fazem com que os adversários joguem agora de modo menos atrevido quando defrontam os encarnados.

Ao longo da época, com a desejada consolidação do regresso do Benfica ao mais alto nível, quer em termos domésticos, quer em termos internacionais, seguramente as dificuldades serão também crescentes e os desafios serão cada vez mais exigentes.

Por enquanto, subsiste uma pedra no sapato, constituída pelo binómio SCBraga / Domingos Paciência que continua a liderar com eficácia de 100% o campeonato nacional.

Resta esperar que a equipa continue a crescer a um ritmo superior ao das adversidades com as quais se vai deparar ao longo do caminho!...

Para que daqui a 100 dias, Jesus possa, como quer, dedicar o 1º lugar do liga aos adeptos!... e especialmente para que o possa fazer no final da temporada!... Que vai ser longa, difícil e que, mais uma vez, vai obrigar os adeptos a sofrer... como deve ser, para que as conquistas no final sejam adequadamente valorizadas!

Saudações cativas.

PS - Infelizes árbitros assistentes suplementares (uma invenção pouco ortodoxa da UEFA, nos jogos da Liga Europa, esta época). 90 minutos parados, ao lado das balizas... Será que, estando literalmente ao lado do jogo, conseguirão ter um papel útil quando surgir o momento de finalmente intervirem? E quando chegar o Inverno rigoroso, assolando o continente europeu, estará prevista alguma equipa médica suplementar para recuperar os pobres juízes hipotérmicos no final dos desafios?... Tudo pela verdade desportiva! (Cartão Azul! Cartão Azul!).

22 setembro 2009

Um plantel para ganhar - Os reforços a sério


    Mais um ano e mais uma reformulação de grande parte do plantel. Começa a ser hábito iniciar mais uma época com novo treinador e com uma boa parte da equipa nova. Mais 25 Milhões investidos e mais uma pre-época que nos dizia que este ano é que era (processo de sportinguização avançado).


   A grande diferença este ano foi o critério utilizado na contratação dos jogadores, a maioria dos jogadores foi contratada para titular (com as excepções já referidas noutro post) e isso faz toda a diferença, uma coisa é contratar um Ramires outra é contratar um Balboa.

   Vamos então analisar os restantes reforços:

   - Shaffer, há muito tempo que não vejo um jogador cruzar tão bem, é um bom jogador, com alguma aptência ofensiva que às vezes é apanhado longe da sua zona de acção defensiva. O Jesus não gosta muito dele, mas acho que estamos perante um jogador que precisa de tempo para se adaptar, relembro que é comum no Benfica não se dar tempo ao jogadores, vamos tentar não cometer o mesmo erro com este jovem;

   - Javi Garcia, foi geral a desconfiança pelo valor pago por este jovem produto da Cantera Madrilena, mas rapidamente o Javi dissipou todas essas dúvidas, é um jogador extraordinário, uma capacidade defensiva fora do comum, força e resistência sem no entanto ser violento. É um tipo de jogador fundamental em qualquer equipa, garante uma estrutura defensiva no meio campo que liberta os criativos para outras funções. Acho-o o reforço mais importante da época, até porque desde o Petit que não tinhamos um jogador com esta qualidade defensiva no meio campo e isso reflectia-se na qualidade de jogo;

   - Ramires, não engana, é jogador e vai ser de uma utilidade extrema neste plantel, é um jogador discreto, de processos simples, mas que não sabe jogar mal, corre kilometros e é um jogador perfeito para o equilobrio do meio campo, onde temos 2 jogadores mais criativos como o Aimar e o Di Maria. Foi caro, mas não vai sair daqui barato, ainda por cima a jogar com regularidade na Selecção do Brasil;

   - Fábio Coentrão, tivemos um jogador com o mesmo nome a jogar com a camisola do Benfica, mas não era metade do jogador que este é. Acho que estamos perante um Coentrão mentalizado que pode ter sucesso e disposto a correr e a jogar com garra para lá chegar. Está muito mais calmo, menos individualista sem no entanto perder aquela capacidade incrivel de partir para cima dos adversários. O Fábio Coentrão é, para mim, o melhor jogador jovem do futebolportuguês, é o único (a par do Varela) que via a jogar, de caras na selecção nacional;

  - Felipe Menezes, jogador contratado para ser alternativa a Aimar (se isso for possível), confesso que conheço muito pouco do jogador, traz boas referências, é jovem, e o pouco que vi jogar deu boas indicações, vamos ver como evolui;

   - Keirrison, se o Benfica tivesse pago 15M por este jogador já estávamos todos desesperados com o investimento, mas não fomos nós que pagámos, pelo que temos tempo. Do que conhecia do jogador no Brasil, estamos perante um craque, mas vamos ver como decorre a adaptação à Europa, não sei se o Benfica será o clube ideal, mas como o Cardozo está para ficar, não terá tanta pressão em cima. Acho que principal problema tem sido a capacidade de se adaptar à velocidadecom que os defesas lhe caem em cima, vai melhorar;

   - Saviola, é o nome mais forte das contratações, é um jogador fantástico, e com uma capacidade que já demonstrou em alguns jogos. Temos de perceber que vai passar jogos menos bons pois o ritmo é mais reduzido, em virtude de ter passados os últimos anos sem jogar, se o percurso for superior ao do Aimar, como aparenta, vamos ter aqui um reforço de peso. Outra das grandes vantagens destas contratações prende-se com a experiência internacional que traz à equipa e o destaque que vamos tendo no estrangeiro em virtude de cá estarem algumas estrelas internacionais.

   Uma última nota para o Di Maria, um pouco à imagem do Fabio Coentrão, temos um jogador novo, um grande reforço que nos vai ajudar finalmente a esquecer o Simão.

17 setembro 2009

Lisboa, Tejo e Tudo!

Uma espécie de regresso ao passado, em todos os sentidos.

As cores, os cheiros e sons do Restelo transportam-nos para outros tempos.

Assistir no estádio do "Futebol Clube Os Belenenses" a um encontro de futebol é muito mais do que isso mesmo.

É regressar a um futebol de paixão, feito festa de família a cada Domingo. É entrar por acessos que já não se usam (pelo menos comparativamente com os dos modernos e funcionais estádios pós Euro 2004), ver os ingressos serem vendidos em "barraquinhas" tipo feira, as pessoas tranquilas ao tomarem o seu lugar: ali, bem perto do relvado, o que provoca a ilusão dos jogadores se tratarem de gigantes.



Ocupado o respectivo lugar, é passar os olhos pelo Tejo, pelos Jerónimos e pelas embarcações que passam mansamente sobre as águas calmas... e o ambiente é de tal modo que o futebol parece já ser acessório.

Esquecemo-nos dos negócios menos claros, dos dirigentes de seriedade duvidosa, das guerras dos direitos televisivos e das jogadas de bastidores.

Fica só o prazer de estar ali, também para ver futebol!

O Benfica agarrou-se a este regresso ao passado, em busca do seu futuro. Repentinamente, já não eram Saviola, Cardozo, Ramires e Javi Garcia que estavam em campo mas sim Eusébio, Coluna, José Augusto, o "bom gigante" José Torres e demais heróis da equipa que tudo ganhou nos anos sessenta.

Não terá sido a melhor exibição da época, mas foi muito conseguida e, acima de tudo, eficaz! Mais importante ainda, a equipa mostrou garra: mesmo depois de estar em posição de vantagem no marcador, nunca entrou em letargia, talvez contagiada pelo ambiente de festa, exercendo ao invés uma pressão cada vez mais alta e uma posição de ainda maior domínio!

A ajudar, viu-se a desejada "Mística" do glorioso!

E assim terminou este "derby" da capital, que culminou na contundente vitória do Benfica, por 4-0. Numa bela tarde de Domingo, apareceram os golos e apareceu Lisboa, o Tejo e tudo!

Saudações cativas.



04 setembro 2009

Ser ou não ser...

Eis a questão!

Será esta a equipa que vai jogar duas vezes melhor do que a do ano passado?

Depois do jogo com o Vitória de Setúbal, e da vitória categórico-esmagadora da passada 2ª feira, por uns significativos 8-1, muitos dirão, que já é. Dirão que esta equipa nada tem a ver com o passado e que joga muito mais e melhor... Uma fome que já deu em fartura!

Pessoalmente, permaneço com o cepticismo em níveis moderados. Obviamente, no encontro com o Setúbal, o Benfica rubricou uma exibição notável, sobretudo ao nível da eficácia de concretização, que encheu as medidas a qualquer benfiquista que se preze. O carrossel do Benfica foi constante e os sadinos viram-se a perder por 5-0 sem perceberem o que lhes tinha acontecido... Numa palavra, brilhante!

O resultado final foi quase histórico (há 15 anos que não se marcavam tantos golos num só jogo). No entanto, este resultado deve ser entendido numa óptica mais abrangente, recorrendo-se para tal à memória mais ou menos recente:

- O Vitória de Setúbal apresentou uma equipa (?) constituída por jogadores que mal se conhecem, fruto das experiências tardias do Sr. Carlos Azenha, que será um dos grandes responsáveis da derrota, quer pela manta de retalhos da sua equipa - claramente a mais atrasada da Liga em termos de preparação - quer pelas "inovações" tácticas que quis pôr em campo;

- Apenas um par de dias antes, o Benfica, apesar de se apresentar com uma equipa mais ou menos de 2º plano, não pode justificar a exibição sofrível para a Liga Europa frente aos ucranianos do Poltava, averbando a 1ª derrota oficial da época;

- Na semana anterior, todos sofremos a bom sofrer no encontro com o Vitória de Guimarães (equipa que ainda não conseguiu marcar qualquer golo em 3 jogos), e lá se acabou por conquistaros 3 pontos in extremis.

- Na época transacta, imediatamente antes do descalabro do último terço do campeonato, o Benfica foi aos Barreiros derrotar o Marítimo por uns assinaláveis 6-0... Como se viu, a exibição e o resultado então conseguidos não expressaram qualquer tipo de tendência positiva ou de dinâmica da equipa, antes pelo contrário! Neste caso concreto, recordo-me que a exibição nem foi assim tão espectacular quanto o resultado conseguido faria supor (a exibição frente ao Setúbal foi muito mais conseguida), mas à época, os adeptos ficaram igualmente deslumbrados e confiantes na equipa.

- Recuando ainda mais no tempo, há uns anos, nas competições europeias, o Benfica encaixou num jogo 7 golos do Celta de Vigo, uma equipa mediana da liga espanhola. Seria a equipa do Celta muito boa? Ou a do Benfica muito má? Penso que a resposta para ambas as questões é negativa. O resultado foi o que foi, porque há jogos assim, em que tudo corre pelo melhor a uma das equipas... Qual seria a moral dos jogadores do Setúbal para entrar em campo na 2ª parte do jogo? São jogos atípicos com resultados atípicos, dos quais não se devem extrapolar, a meu ver, grandes conclusões.

Em resumo, acredito que este será o ano... que esta será a equipa que vai conquistar o título de campeão nacional e que se pautará por uma maior consistência exibicional. Mas, qualitativamente, ainda não é a equipa de jogar (sempre) o dobro da época passada!...

"Rolos compressores" já não existem no futebol moderno: existe ou pode existir trabalho, humildade, disciplina, mas também alegria de jogar e a famosa mística!... para deixar no caminho, jogo após jogo, adversários vencidos!

Saudações cativas.