27 outubro 2008

Os campeonatos ganham-se (também) jogando mal!

É impossível a uma equipa, seja ela qual for (mesmo as de Mourinho) jogar sempre ao mesmo nível ao longo de uma época cada vez mais longa, com várias competições em paralelo e com níveis de exigência cada vez mais levados ao limite.

Para ter sucesso é claro que tem que ser desenvolvido um trabalho de qualidade pela equipa técnica, de preferência tendo à disposição peças de qualidade para colocar em campo, de acordo com as circunstâncias e com a forma física, técnica e psicológica de cada jogador...

Mas para além disto, para além de tranquilidade dentro e fora do balneário, para além do apoio incondicional dos adeptos, para além de confiança, é fundamental um outro factor, mais ou menos aleatório: a sorte!

Ontem, frente à Naval, o Benfica jogou mal, mas, pela primeira vez esta época teve sorte... Seguramente, pode-se considerar improvável que, uma equipa que nunca conseguiu mandar no jogo frente à Naval, depois de estar a ganhar 1-0 (fruto de um lance de bola parada), sofrendo o empate aos 82 minutos de jogo, conseguisse ainda chegar à vitória...

Mais improvável ainda, que o golo decisivo tenha nascido de um cruzamento de Jorge Ribeiro (com uma "tímida" exibição ao longo da partida), e tenha sido concretizado num golpe de cabeça de Cardozo!...

Foi sorte?... Claro que sim! Mas estes três pontos já estão contabilizados, e todos os pontos contabilizados são importantes para a contagem final... valem tanto como os conquistados frente ao Sporting ou como os que possam ser conquistados numa grande goleada a coroar exibições de luxo.

Ora é fundamental que nesta fase de amadurecimento da equipa, sejam amealhados estes pontos, e a verdade é que já não havia memória da última ocasião em que o Benfica teve que olhar para baixo para encontrar ambos os eternos rivais na tabela classificativa.

Mais importante ainda é esta fase do campeonato, porque se começa a perceber que alguns adversários dos jogos já decorridos são efectivamente adversários difíceis (o SCP ou o FCP não conseguiram aliás melhor que o Benfica - vidé casos do Paços de Ferreira ou do Leixões)... O que não quer dizer que agora venham aí os "fáceis"... Para começar, na próxima semana, deslocação a Guimarães...

Ainda no que diz respeito ao jogo com a Naval, alguns apontamentos:

- Má exibição dos laterais encarnados, com Maxi Pereira muito abaixo do normal a conceder muitas facilidades aos brasileiros baixinhos e super-rápidos que vieram da Figueira da Foz e Jorge Ribeiro a continuar na senda das exibições pálidas (sentirá constantemente a sombra de Léo?), efeito apenas atenuado pelo cruzamento conseguido para o 2º golo do Benfica;

- Meio campo lento, com poucas ideias e muito desgastado - o jogo do Benfica foi lento, Yebda parece não estar recuperado da recente lesão... Carlos Martins já não teve pernas para se conseguir mexer nos últimos 20 minutos de jogo, Reyes e Di Maria com lacunas defensivas graves que explicam em parte as falhas dos laterais (um alerta para Quique Flores: tem que ter mais atenção com os jogadores que deixa em campo quando esgota as substituições... ontem o Benfica acabou o jogo com 8, 9 jogadores efectivos);

- Continua a faltar inteligência aos jogadores e à equipa colectivamente. Mais uma vez, depois de se encontrar numa posição de vantagem, a equipa perde-se, não sabe mudar o ritmo de jogo e coloca-se à mercê para a recuperação adversária, que tem acabado sempre (ou quase) por se verificar... falta inteligência, saber segurar a bola e confiança de que é possível segurá-la com qualidade;

- A atitude da equipa tem que (continuar a) ser trabalhada para encarar todos estes jogos menores como finais que são;

- A qualidade de jogo tem que melhorar substancialmente, de forma a que se atinja uma regularidade mínima... a sorte não tem por hábito acompanhar o Benfica por muito tempo.

Saudações cativas.

PS - Ultimamente sinto-me bastante solitário...

24 outubro 2008

Ruído de comunicação

O Benfica saiu ontem de Berlim com 1 ponto no primeiro jogo da fase de grupos da taça UEFA...

Um ponto com sabor agri-doce... pelo que se passou em campo o resultado parece justo, no entanto, o potencial da equipa benfiquista não se materializou nas quatro linhas...

Ao contrário de algumas críticas endereçadas a Quique Flores, o treinador do Benfica enviou as mensagens certas para dentro do campo. Optou por uma formação inicial de ataque e descomplexada, dando a entender que se os jogadores baixassem para o relvado o seu verdadeiro potencial, o regresso a Lisboa seria coroado com uma vitória. O mesmo sucedeu com as substituições efectuadas: a mensagem foi sempre a de que a vitória estaria ao alcance e jamais uma intenção de segurar um resultado (fosse ele o 0-0, quer fosse o 0-1 fruto do golo "acidental" de Di Maria).

O que sucedeu foi o crónico problema de falta de confiança dos jogadores em si próprios. Talvez pelas sucessivas épocas de insucessos, talvez pela pressão exercida sobre este plantel para que compense a ausência de alegrias dadas aos adeptos...

O início do jogo foi tranquilo e facilmente controlado pelo Benfica. No entanto, quando o Hertha de Berlim esboçou os primeiros lances de futebol ofensivo (com especial destaque para o jogador Voronin, que ocupou toda a largura do terreno), a equipa começou a tremer...

Pior, quando se viu em posição de vantagem, os jogadores interiorizaram a ideia de que o resultado estava para além das suas capacidades, que era no fundo bom demais, remetendo-se a partir daí a uma toada defensiva de "vamos lá aguentar isto"...

Ora como é habitual, sujeita a este tipo de pressões, a equipa acaba sempre por ceder e a cerca de 15 minutos do final, lá surgiu o golo da igualdade num bom remate com alguma sorte à mistura.

Menos mal a obtenção deste primeiro ponto, embora o élan que se conseguiria por sair na liderança do grupo estar irremediavelmente perdido, obrigando o Benfica agora a uma vitória frente ao Galatasaray, para seguir caminho em direcção à qualificação para a fase seguinte. Quique Flores procurou essa vantagem extra, enviou as mensagens subliminares à equipa nessa orientação, mas o ruído de fundo não permitiu que os jogadores a entendessem.

Aspectos preocupantes: a troca imprevista em cima da hora do jogo de Yebda por Bynia (embora não tenha comprometido, não dá efectivamente a mesma profundidade ao futebol encarnado, proporcionada normalmente pelo jogador francês) e a insistência de Quique Flores (aqui sim, um erro de estratégia) em escalar uma defesa com apenas "3 jogadores e meio"...

Jorge Ribeiro pode ser um bom suplente, uma boa opção de recurso, mas não sabe efectivamente nada que o Léo ainda tenha que aprender ficando a ver o jogo de fora. Jorge Ribeiro continua a revelar receios excessivos em apoiar o ataque, não se notando uma segurança adicional por este efeito em termos defensivos... Os seus cortes são por vezes precipitados e, mesmo sem se aventurar ofensivamente, é algumas vezes apanhado em contra-pé, especialmente se encontrar pela frente jogadores rápidos (como Voronin)... Uma questão a revisitar, espera-se que por pouco mais tempo, até que Léo recupere a natural titularidade.

Saudações cativas.

20 outubro 2008

"Há Taça..." (ou "Ah... a Taça!")

Um suspiro de alívio, quando Suazo disparou o último penalty para o fundo das redes do Penafiel...

Foi o fim de um jogo que parecia não ter fim, e que só deu motivos para sorrir aos benfiquistas quando Moreira, alguns segundos antes, com uma excelente defesa, negou o golo a um jogador penafidelense.

Por pouco não "houve taça" ontem no estádio da Luz... por pouco o Penafiel não se conveteu no mais recente "tomba-gigantes"...

O que houve sem dúvida foi um bocejo colectivo da equipa encarnada, como quem diz: "Ah... é um joguito da taça, contra uns amadores..." (que por acaso há alguns anos atrás marcavam presença assídua no primeiro escalão nacional).

Este bocejo revelou-se quase fatal para as aspirações do Benfica na competição. O mais curioso é que não consigo dizer que o Benfica jogou muito mal... apenas lenta e desinteressadamente. O problema veio com o passar do tempo, com o facto da bola não ter entrado na baliza adversária (grande exibição do guarda-redes do Penafiel)... e com o fantasma do que aconteceu na passada quarta-feira no jogo entre Portugal e Albânia...

Com efeito, se as selecções nacionais estivesses organizadas formalmente por divisões, a Albânia estaria situada certamente na 2ª divisão B (ou até mesmo mais abaixo). A verdade é que, tal como sucedeu ontem, as duas equipas mais fracas puseram em campo tudo o que tinham e algo mais, tiveram a sorte (?) de encontrar adversários pouco empenhados e desinspirados e contaram com exibições de luxo dos seus guardiões...

Felizmente, o jogo ontem não podia acabar empatado e a serenidade dos jogadores encarnados fez a diferença...

De destacar a exibição de Makukula, jogador que após semanas sem intervenção competitiva, aparentemente afastado terminantemente das principais opções do técnico encarnado, mostrou que podem contar com ele para jogos com determinadas características. Dos avançados do Benfica (com excepção de Suazo, ainda um ilustre desconhecido) é sem dúvida o melhor cabeceador. Ontem esteve muito activo, lutador, empenhado, embora por vezes um pouco atabalhoado... conseguiu no entanto 2 ou 3 remates de cabeça que apenas não resultaram em golo por intervenções de mérito do guarda-redes adversário.

Cabe agora a quem de direito ter entendido a mensagem e saber que, quando for necessário jogar em "chuveirinho", pode contar com este recurso, até no sentido de o valorizar para uma futura eventual transferência.

Voltando ao jogo, Suazo pôs fim (espera-se que definitivo) ao bocejo colectivo, com a comemoração da passagem à próxima ronda (por momentos parecia uma celebração de um feito de outra dimensão), que esperemos mantenha bem acordada a equipa até à próxima 5ª feira, para o jogo com o Hertha de Berlim!... e, claro, para os jogos seguintes, no regresso ao campeonato nacional!

Saudações cativas.

12 outubro 2008

Os primeiros testes

Desde meados de Agosto que estou afastado das lides bloguistas, primeiro e sobretudo por falta de tempo, e segundo por alguma desmotivação temporária. Desde há uma semana que a desmotivação se transforma lentamente em motivação e são já alguns os textos que comecei a esboçar para o retorno Outonal.

O primeiro a sair da cartola surge então relativamente ao meu Benfica. Como saberão os meus companheiros de blog e de bancada, tenho estado a evitar fazer grandes avaliações relativamente a esta "nova época nova" em que mais uma vez tudo muda e espera com ambição bons resultados. É minha convicção que, tanto o Rui Costa como o Quique, merecem que se lhes seja dado tempo para mostrarem o que podem fazer.

Passadas que foram já 5 jornadas para o campeonato e uma eliminatória da Taça UEFA sinto que já posso fazer uma avaliação mais a sério do que foi esta pré-época e fazer uma previsão do que vai ser o resto da época.

Saldo: 2 vitórias, 3 empates. À primeira vista pode parecer um início de época do costume, ou seja, o campeonato já perdido e adeptos já a questionar a contratação de um treinador desconhecido. O que realmente está a acontecer é que temos os adeptos em sintonia com a equipa e com as opções tomadas na pré-época. Nestes jogos já recebemos o Porto e o Sporting em casa e com resultados moralizadores (não bons porque se exige sempre a vitória), um empate e uma vitória. Temos um treinador ambicioso mas realista, temos um treinador com vontade de ganhar e sem medo de errar, não sendo perfeito, acho que é o treinador com o início de época mais promissor dos últimos anos. Demonstrou, na minha opinião, três problemas até ao momento, tem um modelo de jogo algo fixo e mais adaptado a jogos com equipas maiores em que a pressão alta surpreende e resulta mas que não favorece o ataque continuado que é necessário contra equipas mais pequenas (os jogos com o Leixões e com o Paços foram bons exemplos disso); esgota sempre as substituições a 20/30 minutos do fim (passámos do Camacho que só substituía aos 75 min para o oposto) e com uma equipa a dar sempre o litro durante os 90 minutos é um risco que já causou alguns dissabores (Porto e Nápoles); finalmente um problema que é mais pessoal e que nasce de uma avaliação completamente tendenciosa,  detesto o Jorge "Pesetero" Ribeiro, adoro o Leo e não consigo entender o que é o melhor lateral esquerdo que passou pelo futebol português nos últimos 10/15 anos ainda tem para aprender que o Jorge "Pesetero" Ribeiro já tenha aprendido, confesso que me faz muita confusão. Dito isto acho que o Quique se revelou uma boa escolha, ainda tem muito para aprender sobre o futebol português (o jogo com o Leixões foi exemplo) mas se aprender com os erros tem todas as condições para chegar ao final da época a ser levado em ombros pelos adeptos.

Terminada a análise sobre o treinador gostaria de deixar umas palavras sobre o Luís Filipe Vieira, o Rui Costa e sobre a equipa que ele soube construir.

O Luís Filipe Vieira é para mim um bom presidente, não é óptimo, mas é bom e tinha como principal defeito o não saber estar calado, diria que algo o fez aprender a concentrar-se nas suas funções de gestão e deixar o futebol para quem sabe. É óbvio que o processo de transferência do Rui de jogador para dirigente foi muito mau, mas terminou e agora temos alguém a gerir o nosso futebol que é um senhor, educado, elegante e com um conhecimento do futebol português e internacional invejável, se somarmos a isso um prestígio internacional relevante, parece-me que temos a pessoa indicada para o cargo.

Quanto à equipa que o Rui construiu para esta época tenho os seguintes comentários: começando pelos negativos tenho a dizer que acho que a equipa tem poucos jogadores portugueses, e que não tem um lado direito da equipa à altura do lado esquerdo, não me vou alongar mais porque acho que não são problemas graves; quanto aos aspectos positivos, tenho a dizer que a contratação do Reyes foi a decisão que poderá ser decisiva para o desenrolar do campeonato, é um jogador muito acima da média, consiga ele manter a concentração necessária, temos finalmente um desequilibrador à altura do Simão; o Suazo foi, na minha opinião, um mal que veio por bem, ou seja não se contratou o Luís Garcia (achava-o muito caro para a diferença que poderia fazer) e veio um jogador possante e rápido que poderá ser determinante nos jogos contra equipas mais pequenas; a saída do Petit deixou-me algo preocupado porque, apesar de achar que ele já tinha entrado na fase decrescente da sua forma física, não via no plantel alguém pudesse cumprir o seu papel de todo o terreno, e eis que ao fim de 1 ou 2 jogos aparece Yebda, um portento de força e capacidade física que não é nenhum trambolho e que tem mostrado capacidade para tomar conta do meio campo quase sozinho (o Ronhanholi e o Moutinho que o digam), um achado, parece-me daquele tipo de jogador que quase todas as equipas de topo têm, um Patrick Vieira à nossa dimensão; Na defesa há que referir 2 portentos, Sidnei e Miguel Victor, se um tinha de justificar o elevado custo o outro tinha a responsabilidade de mostrar que as escolas do Benfica estão a voltar ao bom caminho, até ao momento nenhum deles me desiludiu, antes pelo contrário, juntando a estes dois um Luisão em boa forma e o futuro melhor central do mundo (se as lesões o deixarem) David Luiz temos 4 centrais como nunca tivemos, resta ao Quique saber rodar entre os 4 para tirar deles o seu enorme potencial.

Finalmente expectativas para a época em curso. Parece-me que os nossos adversários estão particularmente acessíveis ente ano, tenho para mim que o Jesualdo ainda vai engolir o orgulho portista que agora ostenta e o Paulo Bento ainda se vai arrepender de não ter aceite o alegado convite do Man United para ser campeão pelo Sporting... feitas as contas acho que este é um ano em que apesar de se estar a construir a equipa temos boas hipóteses de ganhar o campeonato, embora não o possamos exigir porque ainda vamos, certamente, passar por algumas dificuldades.

06 outubro 2008

O melhor dos últimos anos!

Na 5ª feira à noite, tive o prazer de assistir àquele que considero ser o melhor jogo do Benfica desde há alguns anos!

A vitória frente ao Nápoles, trouxe-me à memória outras grandes noites europeias do passado mais ou menos longínquo... os 4-4 em Leverkusen, os jogos com o Arsenal (ainda no Highbury Park, e não no "Emirates Stadium"), com Isaías e Campbell a brilharem, ou viajando ainda mais, as meias-finais com o Marselha, sendo que no jogo caseiro, o antigo Estádio da Luz foi verdadeiramente um inferno (para os franceses!).

Que grande exibição do Benfica: técnica, táctita, de atitude e confiança!... Quique Flores rodou o plantel (por lesões, castigos e afins de alguns jogadores), fez substituições mais ou menos ortodoxas (por exemplo a entrada de Bynia que não jogava há algum tempo, para o lugar do pulmão Yebda) e a equipa, segura e personalizada, não se ressentiu das ausências ou das novas peças em campo.

Continuou sim a praticar um futebol bonito mas prático, e acima de tudo confiante de que a vitória e a passagem na eliminatória em primeira instância eram perfeitamente possíveis e, depois do 1º golo, que estavam asseguradas!

Para continuar!

+ Os grandes golos de Reyes e Nuno Gomes;
- os elos mais fracos, Jorge Ribeiro (algo inseguro) e... Di Maria (continuando demasiado agarrado à bola, e consequentemente... inconsequente).

Classificação: 17/20!

Hoje, frente ao Leixões, espera-se que haja mais do mesmo, num jogo difícil, por ser completamente diferente e longe do "glamour" europeu de 5ª feira... é dia de voltar ao trabalho de bastidores, que permite aos artistas brilharem no dia dos grandes concertos!

Saudações cativas.

03 outubro 2008

Assim vale a pena!

O Benfica já ganhava por 2-0 aos 88 minutos quando ainda vi o Reyes e o Nuno Gomes a pressionar na grande área do Nápoles...

Obrigado Sr. Quique, Sr. Rui Costa e obrigado aos jogadores pelo grande espectáculo de futebol que ficou perfeito com a ajuda de fantásticos adeptos!!

A paella estava soberba ;)

Saudações Benfiquistas!
LM